sexta-feira, 21 de agosto de 2009

O sonho e o mar.

Estávamos, finalmente a caminho do mar. Dois ônibus grandões, turísticos, com frigobar e TV, enfermeira a bordo com caixa de primeiros socorros que, afinal, graças a Deus, não foram utilizados. Nos dois uma saudável algazarra. As músicas dos velhos tempos, valsas melodiosas, boleros e até samba e rumba. Ouvia-se risos e piadas picantes a alimentá-los. Não sentimos o tempo passar. E estávamos tão distraidos, que nos assustamos com o ruido de foguetes que, vindos de onde viemos, nos pareceram tiros. Corremos para as janelas e... surpresa!Lá estavam os nossos amigos capichabas a nos recepcionarem. Foram nos esperar à entrada de Vitória. Os motoristas atenderam ao nosso apelo e pararam para que pudessemos abraçá-los. Foi uma choradeira de emoção de ambos os lados. Os anfitriões já mostravam que estavam organizados para nos oferecer o melhor que tivessem. Estavam ali ,também, para nos guiar até Vila Velha em segurança. Quando chegamos ao nosso destino ouvimos o som da sanfona , bumbo, violões, pandeiros, instrumentos de sopro, numa casa reservada para o forró. Fiquei preocupado, mas, achei melhor não transparecer: quem estiver a fim de dançar fica na folia e depois os nossos amigos vão encaminhá-los para o banho e o sono. Quem preferir esta última opção é só me acompanhar.
Confesso que estava exausto. Foram dias de preparação e organização da viagem. Tive que resolver algumas problemas de ordens diferentes. Enfim, ali estávamos. Fui com a turma que preferiu descançar. O presidente da Associação anfitriã assegurou-me que eu poderia descansar sossegado. Houve, como sempre há, alguns que só sabem reclamar. Agi com firmeza e resolvi os problemas. Fui dormir lado a lado com meus companheiros da ARPI e da APRI. Houve outra sugestão, mas preferi ficar com eles. Se houvessse algum incidente eu estaria ali, perto, para resolver. No dia seguinte, fomos todos para o desdejum. Farto e rico. Todos comeram o quanto quiseram. Opções: ficar dançando forró na sede, sair para conhecer Vitória e o mar. Que dúvida atróz ! Conhecer um tal de mar que a maioria nunca tinha visto, ou ficar e aproveitar o rítmo dos músicos que se revesavam? Uns poucos preferiram ficar. Nada forcei. A maioria preferiu ver o tal de mar. Já tinham visto na televisão e não achavam grande coisa. Bem, tudo ia ser de graça e, de graça... Os ônibus deram a partida. Até os motoristas, acostumados com turistas, estavam curiosos. Como reageriam? Eu , admito, não tinha a exata idéia. Fomos primeiro na Penha. Lá no alto havia uma igrejinha. A maioria , muito católica, era devota da mãe de Jesus. Havia que pagar ingressos. Os que podiam , pagaram . Os que não podiam íamos pagar por eles. Já estava pago. Um vereador, querido na região, conseguiu que o prefeito de Vila Velha , através da Prefeitura, se responsabilisasse pelos gastos. Agradeço muito ao prefeito da época. Se esta oferta tão simpática não acontecesse, os velhos pobres veriam a igrejinha do mesmo jeito. Eu estava preparado. Quando chegaram, foram direto para a capela. Atrás desta havia um mirante majestoso. Não chamei-os. Deixei-os, o tempo que quiseram, entregues a sua fé. Foram chegando devagar ao mirante. Chegavam e se extasiavam com a beleza da vista. Lá estava o tal de mar.
-Meus Deus, que coisa linda! Eu pensei que ia morrer sem nunca ter visto esta lindeza!
Foi contagiante. Eu,minha mulher, os amigos capichabas choramos e muito. Nunca havia visto tamanho deslumbramento. Disse-lhes que, no dia seguinte iriam conhecer o mar bem de perto. Eu tinha que dosar as emoções para não termos surpresas desagradáveis. Havia idoso com quase cem anos! Outros com quase isto.
Fomos conhecer um Shopping. Falei-lhes da beleza que era. Eles não conseguiam pronunciar shopping. Mas estavam ansiosos por conhecer. Chegando lá , êxtase. Havia produto que nunca haviam visto mas, o que mais gostaram foi do sorvete. Tirando a escada rolante, claro. Subiram e desceram por ela dezenas de vezes. O pessoal do shopping assistia entre surpreso e comovido aqueles idosos que pareciam crianças. Brincaram, brincaram...
Fomos ao aeroporto.Já tinham visto na TV. Alguns acharam que era perda de tempo. Disse-lhes que não demoraríamos. Mas, foi só eles ficarem da sacada vendo avião descendo e subindo que não queriam mais ir embora.
-Pessoal! Há outras novidades. Vocês vão gostar!
E eles não arredavam o pé. Queriam ver , de novo, para acreditarem que um "bichão pesadão como aquele" saia voando do chão e pousava! O melhor ficaria para o dia seguinte. O tal de mar.
Bem cedinho, cinco ou seis da manhã, já tinha idoso vestindo-se para ver o mar como se fossem para um baile.Com jeito, para não envergonhá-los, disse-lhes que deveriam fazer o contrário, ou seja, vestir bermudas ou calções. As mulheres resistiram à idèia.
-Imagina, seu Paulo, se nois vai ficá quasi pelada!!!
Não insisti. Cada um vai como quer. Nós já havíamos conversado sobre isto. Não acataram.No próximo blog eu vou contar a mais bela experiência que eu já vivi na minha longa vida.Leiam.

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