sexta-feira, 19 de março de 2010

O presidente operário.

Os intelectuais de direita, centro ou esquerda ficam incomodados. Como pode , um simples torneiro mecânico ser honrado com o título de "Homem do Ano" pelo conceituadíssimo jornal francês Le Monde, eleito pelos Delegados de Davos como "O Cidadão do Mundo", ter , em fim de mandato, conservado os mesmos percentuais do início e meio, 80% de entre ótimo e bom nas pesquisas de opinião até de jornais hostis? Quem duvida que, houvesse um terceiro mandato - e isto já houve até nos Estados Unidos da América- ele seria reeleito no primeiro turno? Agora acusam-no de querer transferir a sua popularidade para a candidata de sua confiança Dilma Roussef. Mas, é legítimo e é ético! Ele tem o direito de ter sua candidata. Se fosse um mau governante como , por exemplo, o seu antecessor, o apoio dele exerceria efeito devastador. Ele vem e diz:" tudo o que fiz devo à Dilma Roussef!" E é verdade. Ninguém, no governo, nega a competência extraordinária que ela tem. Podem torcer o nariz por ela ser mulher. Ora, este machismo já era! Dilma precisa ser presidente para dar continuidade a este excelente governo que termina. A opinião não é minha, é do povo brasileiro. Nunca vi uma oposição tão desanimada. O candidato do governo se apoiará nas realizações deste governo. E são inúmeras. E fenomenais! Irrigar o nordeste: que sonho maravilhoso que se concretiza. Adeus Indústria da Seca!Não mais veremos políticos sem escrúpulos ganhando muito dinheiro às custas da morte por inanição, sede, falta de trabalho, fome, de milhões de nordestinos. Não mais veremos paus-de-arara tão tristes levando figuras esquálidas para uma tentativa de sobrevivência na cidade grande do sul. Sem saida,iam para as favelas, cercando os edifícios de luxo com um espetáculo deprimente de miséria extrema. Fez a Ferrovia Norte-Sul. Agora o que os nortistas produzirem chegarão fácilmente aos ricos mercados do sul. Incentivou o transporte fluvial. Navios, que antes eram "gaiola", hoje são mercantes. Quando entrou , o Brasil estava quase ficando auto-suficiente. Hoje é, e ainda exporta petróleo. Breve, com o pré-sal, fará parte da OPEP. O governo Lula acreditou e investiu. Duvidaram. Hoje, ninguém duvida mais.Todos os governos estaduais, de todos os partidos, querem agora uma fatia generosa deste formidável bolo. E eu sou do tempo em que, com nossas faixas onde se lia "o petróleo é nosso", corríamos da polícia acusados de comunistas agitadores. Com 70 anos, eu vivi o Brasil de várias fases. Vivi os "Tempos Dourados" de JK, depois a noite tenebrosa da ditadura militar que durou 22 anos, a "Nova República" lutando para vencer um inflação terrível herdada da ditadura militar. Tentaram de tudo até que um mineiro, sem muito alarde, Itamar Franco, implantou o Plano Real que pôs o Brasil nos eixos. Veio FHC, de Collor nem é bom falar, e resolveu sucatear o patrimônio nacional. Deixou o país em situação muito difícil. Vislumbrávamos mais um período de inflação galopante. Lula foi eleito. Muitos capitalistas ameaçaram abandonar o país. Afinal, era a esquerda , com uma votação histórica , que chegava ao poder pela vontade democrática do povo. Lula convidou o Ministro Meirellles para o Bco.Central e ele era o ex-Presidente do Banco de Boston. Isto tranqulizou um pouco os capitalistas. Com a ajuda dos seus amigos da esquerda, muitos ex-exilados ou prisioneiros da ditadura, implantou um governo de Bolsas. Foi bolsa e comida de graça para todos os famintos do Brasil. A oposição apostou que ele ia quebrar o país. Investiu pesado na criação de novas escolas de tempo integral. Em hospitais, infraextrutura em todos os níveis, abriu os cofres e disse"quem quiser dinheiro para implantar indústrias, comércio, lavouras, pecuárias, vai ter a juro simbólico". Resultado, tudo no Brasil aumentou sensacionalmente. As escolas voltaram a ter alunos porque o Bolsa Família só é pago se a criança da casa estiver estudando. Os prefeitos foram agraciados com verbas para condução das crianças em zona rural. Luz elétrica. privilégio de poucos. Hoje quase todas as casas Brasil tem energia. Só não tem quem não quer.Telefonia. Luxo antigamente. Hoje um matuto fala com o mundo de sua choupana.Se ele tiver um filho na Austrália a serviço fala com ele e barato. E com perfeição via satélite. Os avanços tecnológicos do mundo, que dificilmente chegavam até nós, chegam rapidamente. O Brasil ainda não é um paraiso. Há muito o que fazer. Mas, comparado com o Brasil do meu tempo de jovem, que diferença! Hoje, só fica desempregado quem quer. Se tiver uma qualificação profissional e for bom de serviço está sendo disputado pelo mercado em ascenção. E vejam que saimos de uma crise sem sentir o seu efeito. O mercado interno segurou a economia nacional. Quase nenhum empresário quebrou por aqui. As vendas cresceram na crise! Emprestamos dinheiro para o FMI! Na minha juventude sai as ruas gritando:"fora FMI!!!" Hoje grita-se o contrário, afinal eles devem 5 bilhões de dólares ao Brasil. O Brasil, que no governo FHC, comprou caro navios cargueiros para a Petrobrás além de plataformas também caras, hoje exporta. O governo investe na duplificação de rodovias. Antes, não era tão necessário. O Brasil de hoje exige rodovias modernas. Que pena estar no fim da vida. Gostaria de ter hoje uns 40 anos. Quem tem verá um Brasil potência. Entre as maiores do planeta.

domingo, 14 de março de 2010

Dima Roussef, futura presidente.

Quando veio o golpe militar em 1964, as instituições democráticas brasileiras, ainda tão recentes, foram violentamente destruidas. Os sonhos dos brasileiros, especialmente os mais jovens,pareciam impossíveis. Isto causou um sentimento de revolta muito grande. Alguns , mais exaltados, queriam a resistência armada. Talvez acreditassem que a China ou a URSS apoiaria os seus esforços com logístitca. Cuba incentivou. Mesmo que desse errado , que tinham a perder? Qualquer demonstração de insatisfação contra os EUA, país considerado imperialista, seria benvindo, mesmo que fracassado. Havia outro grupo, do qual eu fazia parte, que acreditava na resistência pacífica, nos moldes de Ghandi. Nosso grupo não via apoio por parte da população . A maioria muito ignorante, especialmente os do campo. Mas, o sucesso de Mao na China animava os guerrilheiros urbanos e rurais. A resistência no Vietnam também era motivo de estímulo para os belicistas. Nós achávamos que uma resistência armada fortaleceria a ditadura dando-lhes o motivo para endurecer e continuar no poder mais forte ainda. Estávamos em Guerra Fria. A um passo da última guerra mundial. EUA e URSS poderiam destruir o mundo 40 vezes. Não se arricaria , a URSS, de intervir diretamente numa revolução socialista no Brasil. A China avançava, mas tinha dois inimigos poderosos: os americanos e os soviéticos. Ambos estavam com muito medo do progresso militar da China.Afinal, na época com 1 bilhão de habitantes (hoje mais de 1, 5 bilhões), todos achavam que a guerra seria a única saida da China para a sobrevivência. Pode ser que pensassem assim alguns milhões de chineses, outros milhões não queriam a guerra mundial. Os EUA, depois do episódio dos foguetes atômicos em Cuba que, se disparados destruiriam , se não todo, uma grande parte do seu país, tratou de se aproximar de Kruschev, primeiro-ministro soviético, e firmou acordos de relacionamento até então negados. Kennedy, presidente americano, foi o autor desta façanha e pagou com a vida por isto. A direita americana queria a guerra para extirpar, de uma vez por todas, a URSS. O mundo, após a morte de Kennedy, ficou à beira do abismo . Foi quando aconteceu o golpe no Brasil. Os EUA não queriam perder a América Latina, pelo seu valor extratérgico militar e por suas reservas minerais. Especialmente o Brasil. Disse um presidente americano:" para onde pender o Brasil, penderá toda a América Latina." Por isto, achávamos , nós resistentes pacifistas, que teríamos que enfrentar a direita brasileira e o potencial bélico americano, sem a mínima ajuda dos nossos "aliados". Diziamos: "vamos para a rua. Levemos o povo em protesto. Sem balbúrdia. Sem bagunça. Com ordem e disciplina tal como fez Ghandi. Sem o povo nenhum governo governa. Tudo para. Todo poder emana do povo e somente por ele será exercido." Alguns acataram a idéia. Outros partiram para o confronto armado quixotesco. Entre estes companheiros, Dilma Roussef. Era uma brilhante aluna do curso superior aos 19 anos. Com esta idade queremos ser mártires. Se nos chamam para morrer pela pátria, vamos. Eu já tinha mais de 26 anos quando a guerrilha começou a atuar. Se eu tivesse 19, como a Dilma, talvez teria aderido à luta armada. Mais pelo seu romantismo. Che Guevara era o herói de todos nós. Ele, nos seus livros, conclamava a revolução que Trotsky pregou no seu internacionalismo revolucionário. Acreditava-se que, se o Brasil se insurgisse, também se insurgeriam os demais povos da América Latina. Talvez fosse verdade. Mas, não tínhamos condições para isto. Dilma pertenceu a um grupo que era liderado pelo ex-deputado comunista Carlos Marighela. Assaltaram alguns bancos, houve tiroteio com a morte de pessoas inocentes, além de policiais e guerrilheiros. Isto fez radicalizar a ditadura. E consolidou-a também. Dilma foi presa. Passou quatro anos na prisão. Quem caia nas mãos dos agentes do DOPS, polícia política, vivia , se não morria, horríveis momentos. A tortura mais cruel era praticada com inocentes. Estes sofriam mais porque nada tinham para dizer. O livro "Tortura Nunca Mais", que tem o prefácio de D.Paulo Evaristo Arns, conta narrativas de torturados assombrosas. Fala de crianças que foram maltratadas e seviciadas diante de pais para contarem coisas que não sabiam. Don Mitrione, um agente da CIA, veio trazer ao Brasil, e ensinar como usá-la, uma máquina de choques para serem aplicados nos órgãos genitais de homens e mulheres molhados. Este canalha chegou a ter uma rua com o seu nome em Belo Horizonte, homenagem do governo municipal nomeado pela ditadura. Contam que o sofrimento provocado por esta máquina é indescritível. Os nazistas não a usaram. É criação de Don Mitrione.
Agora Dima se desponta como a mais eficiente ministra do governo Lula. Este governo que tem 80% de aprovação popular, eleito pelo "Le Monde" como "O Homem do Ano", pelos delegados de Davos, "Cidadão do Mundo" e elogiado publicamente pelo presidente Obama , dos EUA. Dilma é a candidata de Lula. Ainda escreverei o que ela já fez, no governo, pelo Brasil. Fez muito. Será preciso um capítulo à parte. Estou idoso. Tenho 71 incompletos. Não sei se verei o fim do governo dela. Estou confiante que verei o início. Mas, pelo amor que eu tenho ao Brasil, espero que as futuras gerações usufruam de um pais forte, progressista, sem corrupção.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Tempos de tristezas e alegrias

Quando o selecionado brasileiro de futebol foi, finalmente, campeão do mundo em 1958, foi mais uma grande alegria que se somaria a muitas outras. Com o sorridente e popular presidente JK inaugurando obras e iniciando outras mais expetaculares ainda, o repertório da música popular enriquecido com a Bossa Nova, com a liberdade contageando a nação que passava a crer que não era uma "república de bananas", tal como os gringos nos chamavam, o Brasil parecia embaladado para o progresso inevitável. Era o Novo Brasil que surgia. JK , apesar da rebeldia de alguns militares que o Mal .Lott, exemplar Ministro da Guerra, dominou e puniu exemplarmente -depois o próprio Jk resolveu anistiá-los- pelas revoltas de Aeragarças e Jacareacanga, governou sem maiores preocupações. Agitou o Brasil. Acordou o gigante que dormia "em berço explêndido". Avançou 50 anos em cinco. Prometeu que, em seu retorno após a eleição de 1965, teríamos 50 anos de fartura. Seria a revolução pacífica do campo. Quem conhecia JK, o povo, sabia que ele não era de só prometer. Cumpria cada promessa religiosamente. Marcava dia e hora para a inauguração. Num Brasil quase primitivo, com uma infraextrutura muito pobre, o que conseguiu JK foi uma façanha memorável. E ainda teve sorte de ter a taça Jules Rimet, do futebol mundial, tão sonhada.No atletismo, Ademar Ferreira da Silva estipulava um novo récorde para o salto triplo que demoraria a ser superado, no tênis, Maria Ester Bueno era imbatível e detentora de títulos importantíssimos, no box , Eder Jofre levava um boxeur brasileiro, pela primeira vez ,ao título mundial de penas, depois galo.O centro-oeste brasileiro começava , afinal a ser ocupado por nós com a inauguração de Brasília. A música popular virou sucesso mundial com a Bossa-Nova, cantada por astros internacionais. Onde se olhava haviam homens trabalhando em rodovias, hidro-elétricas, fábricas de automóveis. Então apareceu um professor de português que parecia popular com os seus cabelos despenteados , gravata frouxa, caspas sobre o paletó. Conquistou São Paulo, capital e interior e depois o Brasil. A saida de JK por estar finalizando o seu mandato deixou um vácuo na política brasileira. Quem seria o seu substituto? Quem parecido com ele? Ninguém. Jânio teve então a atenção do povo. Fora eleito em São Paulo por partidos pequenos, sem expressão.Mostrou que era um bom administrador. Era honesto. Fazia, porém um discurso anticomunista. A UDN, único partido organizado em condições de enfrentar o PSD-PTB, ambos criados por Getúlio para abrigar os trabalhadores (PTB) e burguesia (PSD) sob a égide do getulismo e do trabalhismo. Os comunistas , colocados na ilegalidade pelo Gal. Dutra, presidente de 1946 a 1950- sob pressão da Igreja da época e dos EUA-foram para o PTB. JANGO, vice-presidente de JK, era o presidente do PTB. A UDN aproveitou para ligá-lo aos comunistas. Nunca foi. Estava mais para Peron do que para Lenin. Jânio aceitou o apoio da UDN pela sua extrutura. Ganhou as eleições para presidente e foi empossado por JK, junto com seu vice, Jango. Naquele tempo havia eleições para presidente e vice separados. E vejam só, ganharam dois candidatos com discursos opostos. Podia dar certo? Aparentemente não, mas Jânio tomou posse com um ministério quase todo indicado pela UDN. E começou surpreendente. Já na campnha tinha ido à Cuba e posou ao lado de Fidel e Guevara. Convidou e Guevara veio depressa atender ao convite de visitar o Brasil como chanceler de Cuba. Jânio condecorou-o como a um herói. Deu-lhe a Gran Cruz do Cruzeiro do Sul. E ainda colocou a guarda palaciana e os seus ministros a cumprimentá-lo. Animei-me. Sabia o que ele pretendia. o desalinhamento total do Brasil da guerra fria. Queria comerciar com quem quisesse ou pudesse.Quer comprar? Vendemos. Não importa a quem. Fiquei entusiasmado. Feliz pela escolha de Jânio. Não havia reeleição naquele tempo. Houvesse , JK seria reeleito com facilidade. O povo aguardaria 1965. Mesmpo porque, o Jânio , o homem da vassoura e da política externa independente e da interna reformista mostrou às elites econômicas que o apoiaram que não era o que pensavam. Foi um Deus nos acuda. Um cheiro forte de golpe pairava no ar. Jânio queria mais poderes. Não tinha a maioria no legislativo. Acreditou que suas atitudes mudariam tudo atraindo a esquerda e a direita progressista. O que o Chaves fez agora, na Venezuela, era , mais ou menos , o que ele queria. Tentou o golpe de De Gaule. Este, diante de uma França no caos polpitico, renunciou. Não havia francês confiável para o seu lugar. Foram atrás dele e ele voltou sob rígidas condições. Direita e esquerda francesas cederam e ele voltou forte. Jânio jogou. Perdeu. Renunciou antes de perder. Ou perdeu porque renunciou. A UDN conspirava através de Lacerda e militares para impedir que fizesse mais "loucuras". Ele não queria cabresto. Formou-se o impasse. Tentou o golpe. Falhou. O Brasil, em três anos após iria sofrer as consequências de tudo isto. Os militares que, através do voto só conseguiram vencer com Dutra-porque Getúlio o apoiou- viram que só pela força retornariam ao comando do país. Tivemos quatro anos de conspiração e em 1964 eles venceram. E ficaram 22 anos. Foi difícil para o Brasil.